Meio que recentemente a seção VivaBem da UOL publicou um artigozinho despretensioso sobre como seria a melhor forma de agir diante da artrite e outras doenças reumáticas: “sente o corpo enferrujado? Cada passo, um estalo. Cada manhã, uma batalha para sair da cama. Para muita gente com (esta condição), essa é a realidade, e o instinto natural é parar. Mas aí entra a reviravolta: o segredo para destravar as articulações é justamente se mexer”.  E é aí onde entra a tal “novidade”.

O que a alopatia está descobrindo agora, nós Quiropraxistas sabíamos há muito tempo: que o repouso recomendados pelos médicos, “embora confortável, é um atalho para mais rigidez, mais dor e menos funcionalidade”.

Movimento (como, por exemplo, exercício) obviamente “‘não cura a artrite nem regenera a cartilagem já danificada, mas transforma completamente o funcionamento das articulações'”, explica o ortopedista Alberto Gotfryd. ‘O movimento certo, na intensidade certa, não só reduz a dor como melhora a força muscular, a mobilidade e a capacidade funcional, ou seja, você volta a fazer coisas que achava que nunca mais faria'”.

Mas antes de prosseguirmos, carecemos de definir o que se convencionou a chamar de “artrose” e de “artrite“:

  • Osteoartrose” tende a ser um desgaste até certo ponto “natural” pelo uso mecânico das articulações — e, por isso, tende a se desenvolver com mais frequência em pessoas com mais de 40 anos. Apesar de ser “mais comum em mulheres e pessoas com histórico familiar da doença”, a osteoartrite (termo usado concomitantemente) “pode ocorrer em qualquer idade como resultado de uma lesão ou estar associada a outras condições relacionadas às articulações, como gota ou artrite reumatoide”.

    A afecção “afeta inicialmente a cartilagem lisa que reveste a articulação. Isso torna os movimentos mais difíceis do que o normal, causando dor e rigidez. Quando a cartilagem começa a ficar áspera e afinar, os tendões e ligamentos precisam trabalhar mais. Isso pode causar inchaço e a formação de esporões ósseos chamados osteófitos. Afinal de contas, o corpo procura sempre estabilizar depois da fase reativa.

    Ocorre que pode haver “perda grave de cartilagem pode levar ao atrito entre ossos, alterando o formato da articulação e forçando os ossos a saírem de sua posição normal”. O ser humano tende a desenvolver osteoartrose nas articulações das mãos, joelhos, quadris e, claro, coluna.

  • A medicina tradicional, pelo menos no Brasil, convencionou a chamar de “artrite” casos de artrite reumatoide e similares. Muitas vezes soropositiva, é menos comum do que a osteoartrose. “Ela geralmente começa entre 30 e 50 anos” e é, como no primeiro, mais propensa a afetar as mulheres.

    Aqui a causa já não é mecânica. (…) o sistema imunológico do corpo ataca as articulações afetadas, o que causa dor e inchaço”. E é na membrana sinovial da articulação o primeiro local a ser afetado. Com o tempo, “isso pode então se espalhar pela articulação, causando mais inchaço e uma mudança no formato da articulação” — que pode, por sua vez, “causar a degradação do osso e da cartilagem. Pessoas com artrite reumatoide também podem desenvolver problemas em outros tecidos e órgãos do corpo”.

E esses dois tipos devem também ser diferenciados de outros, como:

  • Espondilite anquilosante — “uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente os ossos, músculos e ligamentos da coluna, causando rigidez e fusão das articulações. Outros problemas podem incluir inchaço dos tendões, olhos e grandes articulações”;

  • Espondilose cervical — Esta a gente conhece muito bem. “Também conhecida como osteoartrite degenerativa, a espondilite cervical afeta as articulações e os ossos do pescoço, o que pode causar dor e rigidez”;

  • Fibromialgia — “causa dor nos músculos, ligamentos e tendões do corpo” (ver Artigo 32);

  • Lúpus — “uma condição autoimune que pode afetar muitos órgãos e tecidos do corpo” (ver Artigo 261);

  • Gota — “um tipo de artrite causada pelo excesso de ácido úrico no corpo. Pode permanecer nas articulações (geralmente afetando o dedão do pé), mas pode se desenvolver em qualquer articulação. Causa dor intensa, vermelhidão e inchaço” (ver Artigo 110);

  • Artrite Enteropática — “uma forma de artrite inflamatória crônica associada à doença inflamatória intestinal, cujos dois principais tipos são a Retocolite Ulcerativa e a Doença de Crohn. As áreas mais comumente afetadas pela inflamação são as articulações dos membros inferiores e a coluna vertebral”;

  • Artrite Reativa — “pode causar dor e inchaço nas articulações, dor nos olhos e cansaço extremo. Desenvolve-se logo após uma infecção intestinal, intestinal ou de garganta”;

  • Artrite Secundária — Esta também vemos muito como Quiropraxistas. Trata-se de “um tipo de artrite que pode se desenvolver após uma lesão articular e, às vezes, ocorre muitos anos depois”;

  • Polimialgia Reumática — uma condição que quase sempre afeta pessoas com mais de 50 anos, na qual o sistema imunológico causa dor e rigidez muscular, geralmente nos ombros e na parte superior das pernas. Também pode causar inflamação nas articulações” (ver Artigo 229).

Seja lá como for, quanto mais mecânico for o desgaste, melhor a resposta ao movimento. O tempo faz com que o corpo crie “fibroses e tensões para proteger as articulações inflamadas”. E por isso, qualquer começo de atividade física pode ser dolorido àquela pessoa que sofre de afecções articulares. De acordo com Guilherme Micheski, profissional de educação física, “quando você começa a se mexer de novo, rompe essas estruturas defensivas — e o preço disso é uma dorzinha extra nas primeiras semanas. Mas, depois, vem a recompensa: músculos mais fortes sustentam melhor as articulações e reduzem a sobrecarga que gera dor”.

O processo é gradual. Quiropraxia, por meio de ajustamentos, ajuda a mobilizar pontualmente e normalizar a biomecância articular. E existe uma série de atividades físicas que podem ser feitas para normalizar o movimento articular — até musculação entra na lista de aliados, se feita com supervisão, respeito aos limites do paciente “e atenção à amplitude de movimento”. Mas “atividades de alto impacto, como corrida, tênis ou futebol, exigem demais das articulações e podem agravar o problema”. As de baixo impacto sempre serão mais eficazes:

  • Natação e hidroginástica: “fortalecem sem impacto. A água é o ambiente dos sonhos para articulações sensíveis;”

    Um parêntese: natação pode afetar os ombros, dependendo do tipo de nado e da frequência.

  • Caminhada leve: “estimula a circulação, melhora o humor e a mobilidade”;

  • Alongamentos: “mantêm a flexibilidade e combatem a rigidez matinal;”

  • Bicicleta ergométrica e elíptico: “simulam o movimento de caminhada ou corrida, mas sem o impacto articular;”

  • Tai chi chuan: “parece uma dança lenta, mas é uma aula de equilíbrio, respiração e consciência corporal;”

  • Pilates: “melhora a lubrificação articular, fortalece músculos e corrige a postura” (ver Artigo 90).

“Pouco a pouco, o corpo reaprende a se mover com mais precisão e menos dor” — respeitando os limites “para evoluir sem retroceder”.

As sofridas articulações agradecem.