Dor no pescoço, dor nos quadris e dor na coluna lombar. Esta tríade, de acordo com o Ministério da Saúde, é responsável por levar uma média de 4,63 milhões de pessoas ao consultório ano após ano. E não são somente os velhinhos, não. Oito em cada dez queixas são de gente entre 30 e 50 anos de idade.

A máxima de que “envelhecer é curvar-se” definitivamente se aplica à coluna vertebral. O coração já não aguenta o tranco; o cérebro responde mais lentamente aos reflexos. A coluna, por sua vez, já não tão reta nem tão flexível quanto antes, acaba sendo responsável por puxar o freio.

Mas, por incrível que pareça, o grande inimigo da coluna não é a idade (e muito menos uma hérnia de disco, desvios, ou até os famigerados bicos-de-papagaio). Levar uma vida sossegada e livre de dores mesmo com estes problemas é inteiramente possível. Os verdadeiros culpados, caros leitores, são (pasmem!) os músculos. Chegam a afetar até 95% dos casos de dores de coluna.

Nossa coluna conta com seis camadas de músculos para sustentá-la. Quanto mais profundos são, menores e mais intrínsecos se tornam. Ligados às vértebras, nunca relaxam. Senão, cairíamos como bonecos de pano simplesmente por ficarmos de pé. Nós nos habituamos a viver atualmente em situações de estresse constante. E quando esta tensão muscular torna-se exagerada, exerce pressão nas vértebras, que pinçam os ramos dos nervos que saem da coluna — colunáveis que o digam:

  • O ator ganhador do Oscar® Leonardo DiCaprio sentiu isso na pele (ou melhor, na coluna) durante as filmagens d’O Lobo de Wall Street (2013). Foi numa cena em que o protagonista misturava uma quantidade cavalar de drogas (incluindo metaqualona — “um fármaco que atua como sedativo e hipnótico” e vendido “sob as marcas Quaaludes e Sopor”) e ficava com o corpo totalmente descoordenado. DiCaprio machucou a lombar ao cair de uma escadaria e mais tarde tentar abrir a porta de um carro com o pé deitado no chão. A musculatura “travou” e ficou um tempinho com restrição de movimento.  “Foi muito doído”, disse. “Fiz muitas sessões de Quiropraxia”. Imagina se não tivesse feito…

    O calvário parece ter valido a pena porque o ator foi indicado ao Oscar® pelo seu papel no filme. Mas não levou. Não dessa vez. A estatueta viria 2 anos depois pelo excelente O Regresso (ressalte-se que o tratamento de Quiropraxia sem dúvida deve ter sido imperativo para aguentar as demandas físicas deste papel que o consagrou).

  • Tensão impera entre os políticos, que tendem a ser sedentários. Fernando Henrique Cardoso, enquanto presidente, também andou sofrendo de dores de coluna. Em declaração a REVISTA SUPERINTERESSANTE 091 (abril de 1995) a fisioterapeuta Zilda Aparecida Palhares, responsável na época pela sua rotina de exercícios no Hospital Sarah Kubitschek de Brasília, teoriza que a “barriga flácida é meio caminho andado para as costas nos torturarem”. Esta musculatura, particularmente as do abdome e das nádegas, é o que nos sustenta.

    FHC não foi nem é o único político a sofrer da coluna. “O peemedebista Orestes Quércia (1938-2010) aproveitou (um período) de pré-campanha (…) para operar uma hérnia de disco. (À época) candidato ao Senado, em acordo com José Serra”, iniciou as articulações políticas “após uma etapa de recuperação” (ÉPOCA, 12/04/2010). A dor o acompanhava há algum tempo.

    Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) era também supostamente paciente costumaz de Quiropraxia. Mas mantinha isso meio que na surdina, pois, além de ser médico, também supostamente não gostava de passar uma imagem fragilizada ao inimigos.

  • Corria o ano de 2010 quando o hit “Rebolation do grupo baiano Parangolé alcançou 75.000 downloads para celulares desde o Carnaval até a última quinta. (…) o 1º lugar nas músicas mais baixadas no período” (VEJA, 07/04/2010). Um sucesso e tanto. Depois de dançar sem parar ao som ad nauseum deste hino do Carnaval daquele ano (chegou a cantar mais de trinta vezes por dia a tal música), o vocalista Leo Santana precisou contratar uma massagista para tratar de suas dores. Os quadris do cantor simplesmente pediram arrego. Ficaram muitos doloridos de tanto requebrar (JORNAL EXTRA, Retratos da Vida, 26/02/2010).

    E, como todo Quiropraxista bem sabe, enquanto a causa não for tratada, o problema tende a reaparecer. Dito e certo, “Léo Santana precisou buscar ajuda médica devido à fortes dores na coluna após uma agenda intensa de shows no final de semana” — isso em abril de 2023. “Tô sentindo um incômodo na lateral, nas costas assim, porém, na parte da lateral esquerda, a (sic) alguns dias que tá me impossibilitando até de dançar direito, alguns movimentos de remelexo assim. Dá umas pontadas para dormir tá incomodando, tô esperando o fisioterapeuta, espero em Deus que seja algo muscular. Até porque eu treino muito pesado”. É intrínseco o relacionamento vértebra vs. musculatura. E é necessário tratar a causa.

    Seu contemporâneo de palco, Wesley Safadão, teve seus dias de sofrimento em 2022 e até se submeteu a uma cirurgia — aparentemente sem muito sucesso (ver Artigo 179).

  • O neuro-ortopedista paulista Haruo Nishimura (falecido em 2020), famoso por ter tratado o então presidente João Baptista Figueiredo no começo da década de 80 (ver Artigo 37), afirmava que uma de suas pacientes, a atriz Cláudia Raia (duas hérnias de disco), “exagera na ginástica”. E que “isso é tão perigoso quanto o sedentarismo”. Ainda na década de 80, a revista VEJA noticiava as dores de coluna da atriz. Mas ela, pelo menos, está se tratando. Gosta tanto da Quiropraxia que até levou seu filho recém-nascido em 2023 para fazer um ajustamento.

  • O jogador Adriano andou tendo seus problemas de coluna. O jornal Diário de Ilhéus noticiou em 06/04/2010 que “o Flamengo corre o risco de ficar sem seu principal jogador para o confronto contra o Universidad de Chile, líder do Grupo 8 na Taça Libertadores (…). Ainda sentindo dores lombares, que o fizeram deixar a atividade de sábado, Adriano desfalcou o treino (…) no Ninho do Urubu, ficando no departamento médico para realizar fisioterapia”. De acordo com o médico do clube, Marcio Tanure, “foi uma lesão no treino de sábado, quando ele chutou a bola, fez um giro e sentiu dor na região lombar. E a dor piorou desde sábado”. Um incidente jogando bola ou a somatização dos então crescentes problemas pessoais do Imperador? “Apesar das dores, Adriano fez um alongamento e deixou o gramado na sequência, mas não preocupa para a partida da próxima quarta-feira, diante da Universidad de Chile, no Maracanã. O time rubro-negro precisa vencer o rival chileno para retomar a liderança do Grupo 8 da Copa Libertadores da América“.

    Aquela partida o Flamengo venceu por 2 a 1 com gol inclusive de Adriano. Mas não foi o suficiente para avançar no campeonato daquele ano.

    Durante a sua estadia pelo Flamengo, as dores nas costas volta e meia apareciam. O Imperador “teve um espasmo muscular, mas a lesão não é séria” em 2012. Outro espasmo muscular em 2015. “Fui até a casa dele junto do fisioterapeuta, o mediquei e a ideia é que ele já possa realizar o trabalho na academia ainda essa tarde, pois isso não é nada sério“, afirmou o então médico time Marcelo Soares. Percebem o padrão?

    Pra juntar pólvora com fogo, o jogador andou se metendo em barracos, confusões e encrencas. Em 2010, após voltar de um baile funk após um “amistoso com a Seleção Brasileira”, ele, acompanhado de 10 jogadores, foram “surpreendidos pelos gritos (da então) noiva do atacante. Alterada e ofendendo os atletas, a moça atirou pedras e atacou o carro do jogador e de outros três de seus colegas de clube. O veículo do atacante ficou bastante danificado; outros dois perderam, respectivamente, um retrovisor e um para-brisa. O quarto foi atingido em uma das portas”.

    Havia problemas devido ao alcoolismo (eventualmente admitidos) e supostos envolvimentos com traficantes — que, sem dúvida, ajudaram a abreviar a carreira promissora do jogador. Tal qual Alexandre Pato (ver Artigo 215), Adriano acabou sendo um daqueles craques que não aconteceu. Não se sabe se as dores lombares tiveram alguma parte nisso.

    Dinheiro e glamour à parte, não deve ser fácil uma vida de jogador. Há constante pressão para jogar melhor. Mas, para mim, Adriano vai ser sempre lembrado por aquele gol fora de área durante os minutos finais (de acréscimos, ressalte-se) durante a final da Copa América de 2004 contra a Argentina. Os hermanos estavam enrolando, só tocando bola, já considerando o jogo ganho. Adriano veio de lá, soltou uma bomba de longe e empatou o placar. Com o time reanimado, o Brasil ganhou o campeonato nos penaltis. Bons tempos…

  • Darlan Romani é arremessador de peso. É muito bom no que faz. Nas Olimpíadas de Tóquio 2020 quase ganhou uma medalha (ficou em 4° lugar) — feito admirável, considerando que pouco antes daquela competição ele havia feito cirurgia de hérnia de disco. Mas as dores voltaram com carga total. “Darlan teve uma recidiva de hérnia nas vértebras L4 e L5 na região lombar, de acordo com o médico da delegação brasileira André Guerreiro. (…) A hérnia comprimiu e inibiu diversos reflexos musculares no corpo do campeão mundial indoor e bicampeão pan-americano.”

    “(…) o atleta pediu dispensa da equipe brasileira por questões médicas e não seguirá com a delegação para (as Olimpíadas da França 2024). (…) passou por cirurgia para correção de hérnia de disco e teve alta (…).” Considerando as taxas de reincidências de tal procedimento, é realmente uma pena ter enveredado por este caminho de novo.

    E considerando ainda que, de acordo com o Ministério da Previdência Social, “hérnia de disco foi a doença que causou mais afastamento do trabalho em 2023″, existe uma óbvia necessidade de abordar as causas — e não meramente o efeito.

    Fica a dúvida se ajustamentos de Quiropraxia feitos concomitantemente com um eficaz trabalho muscular teria ajudado Darlan. Quem sabe?

Atores ou atrizes, políticos sedentários, dançarinos, cantores, atletas ou esportistas — ninguém está realmente livre de sentir dores na coluna. Tratamento preventivo, entretanto, é sempre a melhor solução. Sempre procurando a causa. Porque a musculatura chia, mas é a coluna que emperra.

Em tempo: mais sobre Colunáveis no Artigo 178.