Se 80% da população mundial sofre ou já sofreu de problemas de coluna, esta estatística também se aplica às celebridades. Algumas de suas vivências envolvem superações de obstáculos e são fonte de inspiração para todos nós. De qualquer maneira, é interessante saber que não estamos sozinhos, e que os ricos e famosos também são humanos suficientes para sofrerem da coluna. Mas às vezes a tragédia desponta…
John F. Kennedy, presidente americano entre 1960 e 1963, era viciado em sexo. O apetite do homem era simplesmente insaciável, muito para desespero da Primeira-Dama Jaqueline. A imprensa era complacente e o Serviço Secreto tinha que rebolar para acobertar as escapadas amorosas do Presidente. O que pouca gente sabe é que Kennedy sofria de um distúrbio hormonal chamando de Síndrome de Cushing, que causava deposição de gordura em lugares atípicos e acabaria por incapacitá-lo se não tivesse sido assassinado em Dallas. Menos ainda sabem que o Presidente sofria de dores lombares intensas, sendo obrigado a usar um colete até em funções oficiais. Esta lombalgia era uma das poucas coisas que desestimulava Kennedy a se engajar nas suas conquistas de alcova. Mas não o impediu de ser um dos presidentes mais memoráveis, amados e populares que os Estados Unidos já teve. (Ver Artigo 102)
Jane Fonda, famosa atriz socialmente engajada e vencedora de 03 Oscars (02 de Melhor Atriz e 01 honorário), esteve no Brasil na década de 80 para divulgar suas fitas e livros de exercício, um estrondoso sucesso comercial da época. E não era só papo-furado, não. Jane Fonda levava ao pé da letra uma vida sadia. Evitava carnes vermelhas, álcool, cigarros, e adorava se tratar com medicina alternativa. No Rio de Janeiro, pediu para ser atendida por um Quiropraxista. Ninguém sabia o que era, não existia um profissional na cidade naquele tempo, e tudo ficou por isso mesmo. Hoje, temos uma faculdade de Quiropraxia no Rio e atuam dezenas de Quiropraxistas por lá — alguns até nas comissões olímpicas e panamericanas. Mas naquela época…
Mel Gibson tem sido paciente de Quiropraxia já há alguns anos. A revista Variety noticiou que, na véspera da premiação do Oscar de 1995 (o que o consagrou por Coração Valente), além de fazer as unhas, ajeitar o penteado, e escolher seu terno, Mel fez também uma visita ao seu Quiropraxista para ser ajustado, e enfrentar melhor o estresse que a noite prometia. “Quando tenho um problema e vou a um Quiropraxista, meus problemas vão embora por um bom tempo”, disse. Ele arrebatou o Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor. Mesmo tendo sido meio que relegado ao ostracismo por ter falado alguns disparates e por comportamento errático, emplacou uma indicação a Melhor Diretor por Até o Último Homem (2016).
Keanu Reeves foi diagnosticado com múltiplas hérnias de disco na região cervical. Tinha acabado de sair da cirurgia quando se apaixonou por um script meio metafísico, prestes a ser transformado num filme dirigido por dois desconhecidos — os irmãos Warchowsky. A preparação do filme consistia em voar com fios, e suportar extenso treinamento em artes marciais, o que era totalmente contraindicado após tal procedimento cirúrgico. Dá pena assistir o Making-Of com Keanu tentando executar um movimento, somente para depois berrar de dor. Pensou até em desistir do projeto, mas perseverou. Aquele filmezinho, chamado de Matrix, foi um sucesso tremendo, um dos maiores arrasa-quarteirões de 1999, ganhador de 04 Oscars, e se tornou um ponto de referência para a indústria cinematográfica. Até hoje é copiado extensivamente. Não fosse a determinação de Keanu (adicionado à uma pitada de irresponsabilidade), o filme poderia ter tomado outro rumo, talvez sem tanto sucesso. Após muita fisioterapia, as dores passaram. O filme, no entanto, pertence a eternidade. Keanu Reeves deu muita sorte e poderia ter pago um preço muito alto por tamanha audácia. Pela arte, acabou valendo a pena.
E parece que o problema na cervical se resolveu mesmo, porque Keanu Reeves anda botando pra quebrar na franquia John Wick.
Então Ministro do Supremo Tribunal Federal, o excelentíssimo juiz Joaquim Barbosa (ver Artigo 158), desenvolveu dores lombares após permanecer sentado por extenso período de tempo ao analisar evidências do mensalão. Mas não se fez de rogado. A VEJA de 05/09/2007 relatou que o Ministro estava resoluto em “curar isso” e fazia tratamento com “massagem, Quiropraxia e Pilates”. Mas a lombalgia acabou sendo um dos fatores prevalentes que culminou em sua aposentadoria precoce. A coluna do ex-Ministro falou mais alto. Mestre em superar obstáculos, esse obstáculo ele não superou. Quem sabe o afastamento não tenha lhe proporcionado um alívio?
O comediante Rowan Atkinson teve um pouco mais de sorte. Nos idos de 2009, o eterno Mr. Bean deu um piripaque na coluna. O ator britânico sofria de dores crônicas causadas por uma hérnia de disco. O problema piorou durante um feriado com a família em abril daquele ano. Atkinson teve que “encurtar suas férias e voar de volta (para o Reino Unido) a fim de fazer imediatamente a cirurgia para acelerar o processo de recuperação”, informou os produtores de peça de teatro que o ator atuava na época. “A condição, mesmo não sendo séria ou perigosa, é extremamente dolorosa e previne movimentos normais, ficando impossível de atuar”. A questão também foi que o ator protelou o problema até não aguentar mais.
Cláudio Cavalcanti, ator e então secretário de Defesa dos Animais do Rio de Janeiro, deu entrada no dia 16/09/2013 no hospital Pró-Cardíaco para operar a coluna cervical “por conta da falência de uma vértebra”, de acordo com os sites de notícias. Após o procedimento, enquanto “sedado e aguardando estabilização do quadro (…). o ator sofreu um choque cardiogênico, que evoluiu para uma insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, ocasionando o falecimento”. Morreu no dia 29/09/2013. Tinha 73 anos. O Brasil perdeu um grande ator.
Mesmo tendo quase 3 décadas de experiência com tratamento de coluna, este que vos escreve ficou intrigado com o termo “falência de uma vértebra”. Seria uma fratura compressiva? Patológica? Neoplástica? Uma degeneração discal grau III? De qualquer modo, o que aconteceu com o ator foi uma fatalidade e uma loteria ao inverso. Não houve negligência, aparentemente. Mas outras alternativas foram consideradas? Talvez, quem sabe, um tratamento conservador teria preservado um pouco mais a vida deste prolífico artista…
E por aqui temos também algumas notícias, ora inspiradoras, ora curiosas e preocupantes — e ora engraçadas mesmo:
“Devido a um problema genético, Cláudio Vieira de Oliveira, 37, de Monte Santo (BA), nasceu com o pescoço virado para trás (…). Depois de aprender a ler e a escrever usando um lápis na boca, formou-se em contabilidade e (foi) suplente de diretor fiscal do Sindicato dos Contabilistas da Bahia”. Completa seu orçamento ministrando palestras motivacionais. Já lançou DVD e autobiografia. O rapaz já conheceu o jogador Zico e dois papas: Francisco e João Paulo II. “Gosto de sair com os amigos, danço, namoro, viajo, faço tudo. Essa motivação é fruto de minha família, que nunca me enxergou como um deficiente. Isso me fortalece”, relata. É um caso extraordinário de superação.
Mesmo vivendo com a cabeça invertida, Cláudio diz enxergar normalmente. “Os especialistas afirmam que o organismo se adaptou” (Fonte: jornal Folha de São Paulo, 05/10/2013). Não se sabe se Cláudio sofre de dores cervicais.
E.U.A., 2002. “David Arndt, um ortopedista formado em Harvard que praticava no estado de Massachussets, lembrou-se, enquanto operava a cervical de um paciente, que várias de suas contas estavam atrasadas. Como a cirurgia estava demorando muito e o banco ia fechar, ele deixou o pobre paciente na mesa de cirurgia, desacordado e com a coluna exposta, saiu do avental e foi até o banco resolver seus problemas. Uns 35 minutos depois (malditas sejam as filas de banco), voltou e terminou a operação como se nada tivesse acontecido. O paciente ficou bem, mas” a licença do doutor foi cassada. Essa foi de lascar!
Por sugestão do seu Quiropraxista, o americano “Wayne Klinkel carregava dinheiro solto para evitar andar de carteira no bolso. O problema é que o sujeito não (era lá muito atencioso) com a grana e deixou cinco notas de US$ 100 (e uma de US$ 1) soltas em seu carro com seu labrador dentro. O cachorro abocanhou os US$ 500, mas desprezou a nota de US$ 1. O cara teve que revirar as fezes do animal e grudar os pedaços para pedir um reembolso ao Tesouro Americano”. A grande pergunta é: será que conseguiu?
Sim, às vezes realidade é mais estranha que ficção.
Em tempo: Tanto a notícia do ortopedista que enfrentou uma fila de banco durante uma cirurgia de coluna e a do cachorro que comeu o dinheiro do americano que foi instruído por seu Quiropraxista a evitar carteira no bolso de trás foram tiradas da revista MUNDO ESTRANHO, nº 138-A.