O saudoso Carlos Alberto Torres (1944-2016), eterno capitão da seleção brasileira sagrada tricampeã da Copa do Mundo de 70, acostumado a ganhar títulos e a vencer desafios, quase pediu arrego por causa de um mero problema de coluna. Como foi isso?
Durante o 1º dia do 11º Congresso Bienal da Federação Mundial de Quiropraxia que ocorreu em 2011 no Rio de Janeiro, Carlos Alberto esteve lá pessoalmente para prestigiar o evento. No seu discurso, ele relatou emocionadamente que havia virado refém de uma lombalgia crônica, a ponto de não conseguir ficar em pé pelas dores. Chegou a ir para a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul numa cadeira de rodas. De volta ao Brasil, começou a fazer Quiropraxia e teve um progresso extraordinário. Até onde se sabe, levou desde então uma vida bem mais normal do que antes nos seus últimos anos de vida.
Lesões articulares são comuns em atletas e ex-atletas. A constante cobrança por altas performances cobra um preço muitos caro nas articulações. Os esportistas “trabalham muito acima de suas capacidades fisiológicas, daí o motivo de conviverem com a dor do início ao fim da carreira”, afirma o fisioterapeuta do esporte carioca Maurício Soares. Para ele, saúde e carreira esportiva não andam necessariamente de mão dadas.
“O ortopedista Moisés Cohen, (então) presidente da Sociedade Mundial de Cirurgia de Joelho e Traumatologia do Esporte, está prestes a concluir uma pesquisa feita com 100 ex-jogadores de futebol entre 30 e 50 anos. Ela irá mostrar que 80% deles apresentam artrose no joelho e no quadril. ‘Hoje, mais da metade dos atendimentos em consultório é decorrente de lesões de sobrecarga. Chega a ser epidêmico’, diz Cohen, chefe da medicina esportiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)” (ISTOÉ, 23/02/2011).
Esta reportagem da ISTOÉ focou-se nos problemas de origem neuromusculoesquelética de quatro personagens emblemáticos da história esportiva recente de nosso país: o ex-tenista Gustavo Kuerten, a ex-ginasta Daiane dos Santos, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser e o ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário de Lima.
Como bem falou o Fenômeno nem todos prestam atenção nas mensagens que o corpo nos manda. A pressão para jogar às vezes fala mais alto. “Infelizmente, na maioria dos casos, quem comanda não tem compromisso com o atleta, mas com o desempenho do atleta”, alerta a ex-jogadora de vôlei Ana Moser. “Quando você vem de um nível frequente de lesões, isso te afeta psicologicamente. Cura na perna, aparece no braço. Cura no braço, aparece na coxa. Aí eu acho que é o corpo dando um sinal de que algo está errado”, relata a ginasta Daiane dos Santos.
E aí então, mais cedo ou mais tarde, vem a inevitável aposentadoria. O ato de descer daquele proverbial pedestal para juntar-se ao resto dos mortais pode ser devastador para o atleta. Muitos se deprimem. E se perdem na bebida, como Garrincha. Outros se dão bem em outras atividades. Tornam-se empresários como Pelé e Daiane, políticos como Romário, Bebeto e Moser, ou voltam a exercer seu antigo ofício, como foi o caso do médico Sócrates. Mas não é um passo fácil. “É muito duro, de uma hora para outra, se ver desta forma. Por isso, eles retardam essa transição mesmo com dor”, diz Kátia Rúbio.
O resultado? Ana Moser não consegue dar uma simples corrida. Faz Pilates, hidroginástica e exercícios de baixo impacto para aliviar as dores no pescoço, ombros e quadril. Ronaldo tem dificuldade para fazer atividades tidas como simples para nós, sedentários de plantão. “Eu sinto dores para subir uma escada — e não tenho elevador em casa”, revelou. O sobrepeso sobrecarrega ainda mais o joelho.
Em contrapartida, o jornal baiano A TARDE noticiou em 04/10/2013 que, “correndo sério risco de perder Ronaldinho Gaúcho para a disputa do Mundial de Clubes, em dezembro, o Atlético-MG busca solução para a lesão do craque, na coxa direita. O clube contratou o acupunturista japonês Fumio Takahashi, 68 anos. Ele mora no Brasil há 50 anos e é conhecido por ter ajudado na recuperação de atletas como Lionel Messi e David Beckham”.
Parece que esta tática deu certo. Quando o craque saiu do Atlético-MG, ele tinha participado de 88 jogos, feito 28 gols, e conquistado títulos como a Copa Libertadores de 2013, o Campeonato Mineiro de 2013 e a Recopa Sul Americana. E só se aposentou em 2018, sem grandes lesões.
É claro que fazer exercícios é uma atividade bastante saudável. Mas nada em excesso presta. E o esporte não é exceção — sobretudo o profissional, onde é lugar-comum extravasar para atingir a perfeição. O segredo é exercitar-se respeitando a fisiologia do indivíduo. Ou pagar por isso, eventualmente.
Mas, voltando ao exemplo de Ronaldinho Gaúcho, já imaginaram se nossos quatro ícones do esporte brasileiro tivessem feito alguma terapia não-invasiva, tipo Quiropraxia? Será que teriam durado um pouquinho mais em atividade? Porque Messi, afinal de contas, até ganhou a Copa do Mundo de 2022 talvez, pelo menos em parte, graças ao trabalho do doutor Takahashi.