Discorremos em artigos anteriores sobre a relação entre a coluna vertebral e as  vitaminas C (artigo 36), D (artigo 66), A (artigo 84) e B (artigo 95).

A Vitamina E também tem a sua importância. É composta de um grupo de agentes (tocoferóis), os quais ocorrem em maiores concentrações na soja, sementes e castanhas cruas e integrais, e óleos vegetais prensados a frio. O alfa-tocoferol (a forma mais potente da Vitamina E e a que tem maior valor nutricional e biológico) é transportado no fluxo sanguíneo e acumula-se no fígado. Por ser solúvel em gordura, não é facilmente eliminado pelo corpo. Por isso,  pode causar toxicidade.

Por ser uma poderosa anti-oxidante, a Vitamina E é inimiga dos radicais livres (substâncias cujas moléculas perdem um elétron pelo processo de oxidação, tornam-se altamente destrutivas e podem causar males como câncer, coágulos sanguíneos e até danos ao DNA). Ao se opor contra oxidações de ácidos graxos saturados e Vitamina A, a Vitamina E impede-os de se decomporem e de se unirem a outras substâncias nocivas ao corpo. Quando presente no trato gastrointestinal, protege também contra oxidação o complexo vitamínico B e o ácido ascórbico (Vitamina C).

As funções (conhecidas, diga-se) mais importantes da Vitamina E são:

  • inibir a resposta inflamatória no ferimento;

  • reduzir o número de fibroblastos;

  • e retardar a síntese de colágeno.

É eficaz, portanto, na prevenção de formação cicatrizante elevada, tanto na superfície quanto dentro do corpo. Em suma, previne ou dissolve fibrose. Por isso, é um forte aliado na cicatrização de queimaduras, cortes e até de úlceras na pele. Estimula também excreção urinária — é, portanto, um diurético. Deficiência de Vitamina E reduz a estabilidade da membrana e enfraquece a formação de colágeno e tecido conjuntivo.

Esta capacidade de reduzir as atividades fibrinolíticas pode ter grande utilidade na diminuição de sintomas atribuídos à compressão medular e dor lombar crônica, especialmente por aracnoidite adesiva (Serial measurements of fibrinolytic activity in acute low back pain and sciatica, Spine 12(9): 925-928. 1987). Outro estudo mediu as atividades fibrinolíticas de pacientes com dores lombares crônicas (espondilólise, hérnia discal extrusa, estenose lombar e pós-cirúrgicos) e as comparou com grupos de controle. Os que se recuperaram tiveram atividades fibrinolíticas normais. Os que ainda sentiam dores apresentaram atividades fibrinolíticas deficitárias. “Foi sugerido que a persistência anormal de um defeito em atividade fibrinolítica (…) pode ser um fator importante na cronicidade de várias síndromes de dores lombares baixa”.  Faltou Vitamina E nessa jogada?

De fato, pacientes que sofrem de compressão medular por hérnia discal mediana com potencial de desenvolverem mielopatia irradiada e até cauda equina respondem bem à aplicações de Vitamina E. Juntamente com selênio e Vitamina C (todos anti-oxidantes), reduz o aumento de peroxidação dos lipídios nas membranas biológicas e mielínicas. Portanto, é bastante plausível que Vitamina E possa corrigir deficiências na atividade fibrinolítica em pacientes com dores lombares e até com bursite, torcicolo, gota e artrite. Vitamina E pode também estar envolvida no controle do metabolismo do cálcio e, por isso, ajudaria na prevenção da osteoporose.

A Vitamina E tem um papel essencial na respiração celular de todos os músculos, especialmente o cardíaco e os esqueléticos. Faz com que estes músculos e seus nervos funcionem com menos oxigênio, aumentando então a resistência e o vigor. Pode aliviar os sintomas da claudicação intermitente (dores severas nos músculos das batatas das pernas que resultam de diminuição de suprimento sanguíneo causados por espasmo arterial). Por preservar o oxigênio no sangue por períodos mais extensos e resultar em maior eficiência do seu bombeamento através dos vasos sanguíneos, a Vitamina E pode também ser usada para aliviar dores de cabeça.

Já simplesmente prescrever Vitamina E para nossos pacientes — aí é tarefa melhor para um nutricionista (pelo menos aqui no Brasil). Os que sofrem de dores crônicas agradecerão a indicação. Doses saudáveis de vitaminas C, D, A, B e E no corpo podem fazer muito bem à coluna.