O grande ator global Luiz Gustavo nos deixou em 2021. Sua vida foi ceifada por um câncer — doença que o afastou das telinhas, telonas e palcos desde 2018. Porém, ainda no final da década de 90, este que vos escreve havia notado um jeito peculiar de andar — sobretudo nos últimos anos do sitcom Sai de Baixo — bem típico de artrose severa nos joelhos. Mesmo não acompanhando telenovelas, dava pra perceber que o eterno Beto Rockfeller já caminhava meio “camboteando”. Se os diletos leitores repararem bem, irão perceber que suas cenas eram quase sempre filmadas com ele sentado ou enquadrado de tronco para cima. Dito e certo. Em 2011, Luiz Gustavo foi internado “para realizar (…) uma artroscopia” e implantar “células-tronco no joelho direito” (Revista CARAS, 30/05/2011).

Artroscopia é um procedimento cirúrgico considerado minimamente invasivo pela qual um artroscópio é inserido dentro de uma articulação, e, através dele, visualiza-se os danos e realiza-se a intervenção. É ótimo para suturar ligamentos rompidos ou fazer algum tipo de raspagem na cartilagem.

Em Sai de Baixo – O Filme (2019), Luiz Gustavo só aparece no finalzinho, em pé, imóvel, para receber os aplausos da plateia. Acabou que este foi o último trabalho da sua longa e eclética carreira.

Quando ouvimos alguma coisa sobre alguma celebridade “entrando na faca”, automaticamente presumimos ser alguma cirurgia estética. Mas a coisa muda um pouco de figura quando o procedimento é feito para melhorar a qualidade de vida. Afinal de contas, nem eles estão imunes aos efeitos da idade. Artroses e artrites aparecem em qualquer um — em particular nos quadris e joelhos. E quando a coisa fica preta alguns famosos têm que fazer até artroplastia total dessas articulações.

A artroplastia é indicada em casos severos de artrose em que as articulações ficam quase no “osso com osso”. Trata-se de uma operação para restituir, na medida do possível, a mobilidade e a função perdida. Mas nem sempre ela tem sucesso. Às vezes o indicado mesmo é a artroplastia total, que significa substituição daquela articulação artrosada por outra artificial.

A luta da atriz Elizabeth Taylor (1932-2011) com problemas neuro-músculo-esqueléticos já foi retratada num artigo 73. Ela substituiu os dois quadris. Em 1999, o guitarrista Eddie Van Halen (1955-2020), da banda homônima de rock, teve que fazer uma artroplastia total — na época com apenas 44 anos. E o ator ganhador do Oscar™ Michael Douglas (Wall Street – Poder e Cobiça) fez uma no joelho nos idos de 2009. Até a ex-ginasta norte-americana Mary Lou Retton, ganhadora de quatro medalhas nas Olimpíadas de Los Angeles (1984), não escapuliu da sina. Por conta de uma displasia nos quadris, teve (também) que fazer uma artroplastia aos 37 anos de idade. E para quem é fâ do seriado Família Soprano (1997-2007), o caminhar de um dos personagens é típico de quem tem severa osteoartrose no quadril.  De fato, Joe Gannascoli só conseguiu colocar as próteses em ambas articulações coxo-femorais somente após concluir sua participação no programa de televisão.

Até o nosso Rei Pelé passou por duas artroplastias no quadril em 2012 e 2016 — aparentemente sem sucesso.

A questão é: até que ponto vale a pena mexer tanto assim no corpo da gente? E a resposta, como explicada acima, tem a ver com a qualidade de vida. A artroplastia não é um procedimento cirúrgico de vida ou morte. Ao contrário de uma operação de ponte de safena, nós temos o luxo de ponderar e decidir sobre os prós e os contras de tamanho procedimento.

Se a dor estiver muito intensa; se deixarmos de fazer as atividades diárias por causa dela; e se a qualidade de vida estiver irremediavelmente comprometida — aí então vale considerar a possibilidade de uma articulação artificial. Há vários fatores que devem ser levados em consideração antes de optar pela cirurgia: a idade e o sofrimento do paciente, a gravidade da artrose e o limite imposto por ela.

O pós-cirúrgico é que é meio sofrido. O paciente pode ficar condenado a caminhar com o auxílio de uma bengala pelo resto de sua vida. Mas o ato de andar deverá ser muito menos doloroso. Portanto, se a qualidade de vida for restaurada, a cirurgia terá valido muito a pena. Mesmo depois, haverá um período de reabilitação com bastante exercícios e fisioterapia. E, claro, a pessoa terá que conviver com algumas restrições. Esporte de contato, nem pensar. Ou qualquer atividade que force excessivamente o joelho ou o quadril.

Lembrando que o prazo de validade de uma prótese é de 10 a 25 anos. Então há esse fator a considerar também.

Por outro lado, um condicionamento muscular adequado é imperativo para tentar sustentar uma articulação com artrose. O Pilates (ver artigo 90) possui uma série de exercícios de baixo impacto que reforçam efetivamente a musculatura da coxa e estabiliza o joelho. Este humilde escriba teve uma melhora expressiva do condicionamento do seu joelho (condromalácia patelar) com este tipo de atividade física.

E é muito mais saudável exercitar do que operar. Na medida do possível.