Elizabeth Taylor (1932-2011), dona de incomparáveis olhos cor de violeta, mulher de beleza deslumbrante, grande humanitária e uma tremenda atriz. Na época do seu falecimento, era considerada possivelmente a última deusa do cinema.
Nascida em Londres, começou sua carreira novinha nos idos de 1940. Deslanchou logo no início depois de seu segundo filme Lassie e a Força do Coração (Lassie Come Home – 1943). Mas atingiu o estrelato no comovente A Mocidade É Assim Mesmo (National Velvet – 1944). Neste filme, ela fazia par com Mickey Rooney (1920-2014) ator sensação da década de 30 e 40.
Rooney nunca se aposentou de fato. Faleceu aos 94 anos, ainda participando de filmes, como Uma Noite no Museu (2006). Foi considerado pelo Livro Guiness dos Recordes como o ator de mais longeva carreira — tanto no palco, quanto nas telas.
Elizabeth Taylor estrelou verdadeiros clássicos da década de 40, 50 e 60, como Quatro Destinos (Little Women – 1949), O Pai da Noiva (Father of the Bride – 1950), Um Lugar ao Sol (A Place in the Sun – 1951), Assim Caminha a Humanidade (Giant – 1956), Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof – 1958) e Cleópatra (1963) — este último, por sinal, um retumbante fracasso de bilheteria que quase levou o estúdio à falência.
Este pequeno soluço não afetou em nada a sua carreira. Foi nominada ao Oscar™ cinco vezes. Ganhou três na sua longa carreira: um humanitário e dois de Melhor Atriz — o primeiro por interpretar uma garota de programa em Disque Butterfield 8 (1960); o segundo por viver uma frustrada e amargurada matrona acima do peso em Quem tem Medo de Virgínia Woolf? (1966). A atriz não teve medo de despir-se de toda e qualquer vaidade para interpretar o papel que lhe valeu o segundo Oscar.
Liz Taylor foi casada umas oito vezes — duas com o mesmo cara: o ator Richard Burton (1925-1984), considerado o grande amor de sua vida. Discreta, ficou amicíssima de Rock Hudson (1925-1985) e James Dean (1931-1955) durante as filmagens do filme Assim Caminha a Humanidade. Em relação ao primeiro, após sua morte por AIDS em 1985, encabeçou uma campanha para levantar fundos para a doença — até então praticamente desconhecida. Hudson era homossexual. Taylor sabia e guardou segredo por décadas. Sobre James Dean, a atriz concedeu uma entrevista em 1997 e revelou que o ator havia sofrido abusos sexuais aos 11 anos na mão de um pastor. Só pediu que o conteúdo fosse publicado após sua morte (dela, não dele).
Os problemas de saúde de Elizabeth Taylor eram notórios. Aos 12 anos de idade, levou uma bruta queda de cavalo durante as filmagens de A Mocidade É Assim Mesmo. Isto gerou um sério problema de coluna que foi ficando cada vez mais crônico. Treze anos mais tarde, a lancha que andava deu uma guinada violenta. Taylor bateu o cóccix de mau jeito no banco e começou a sentir dores intensas. Não se sabe se a atriz procurou algum tratamento alternativo na época, mas acabou indo para a mesa de operação. Sofreu três discectomias (retirada dos discos lombares) e consequente fusão das três vértebras com enxertos ósseos tirados do quadril e da pelve. Condenou-se aí a ter dor por toda vida. De fato, durante as filmagens do seriado Norte e Sul (1985), sua coluna deu um troço de novo por causa de um vestido que pesava quase 25 quilos.
Não se sabe se foi resultado direto daquela queda, mas as articulações dos quadris foram cada vez mais se artrosando. Culminou com Elizabeth Taylor tendo que colocar próteses em ambos os quadris em 1994 e 1995.
Quase morreu de pneumonia em 1961 e 1990. Teve parto prematuro complicado em 1957. E uma histerectomia 10 anos depois. Após várias crises de apendicite, removeu o órgão também em 1957. Houve uma suspeita de meningite em 1960, cirurgia para retirar um cisto no ovário em 1973, e, no pulmão, resquícios de tuberculose que ela nem sabia que tinha. A atriz chegou até a se engasgar com um osso de galinha em 1978! Dizem que operações foram mais de vinte. Os problemas de saúde rivalizavam em intensidade com seu talento e beleza.
Já velhinha, suas vértebras não resistiram à osteoporose e se achataram. As fraturas compressivas causavam-na muitas dores ao caminhar e forçaram-na a se locomover usando uma cadeira de rodas nos últimos anos de sua vida. Mas no final, foi o coração mesmo que levou Elizabeth Taylor. Com dificuldade de bombear sangue para o resto do corpo, a insuficiência cardíaca fez com que seu coração parasse de funcionar. A estrela se apagou aos 79 anos. Coincidentemente, da mesma doença que levou o pai deste que vos escreve nove meses antes.