Até 1930, acreditava-se que a Síndrome Sacroilíaca (um tipo de disfunção na bacia) seria responsável pela maior parte das dores lombares. Com o advento da mielografia — e subsequentemente a tomografia e ressonância magnética — a hérnia de disco “usurpou” o papel de vilão nº 1 das afecções da coluna. A partir de 1970, entretanto, pesquisadores redescobriram a Síndrome Sacroilíaca, que respondia, sim, por uma parcela significante das lombalgias.

A bacia, ou pelve, é base de suporte para movimentos da coluna. É nela que os músculos das costas se inserem, e onde os músculos da coxa exercem sua influência na postura. A bacia sustenta o abdome e une a coluna vertebral aos membros inferiores. É um sistema composto por articulações extremamente estáveis, mantidas por alguns dos ligamentos mais fortes do corpo humano, e assemelhando-se a uma espécie de “anel articular”, composto de 03 ossos (02 ilíacos e 01 sacro), e de 03 articulações (02 sacroilíacas e 01 sínfise pubiana).

O que faz a articulação sacroilíaca singular, é o fato dela ser, de uma certa forma, “duas em uma”:

  • No terço superior, a articulação adquire contornos de anfiartrose (semi-móvel) com fibrocartilagem.

  • No 2/3 inferior, a articulação é do tipo diartrose (perfeitamente móvel) com cavidade e membrana sinovial e cartilagem articular normal.

Apesar de ser em sua maioria uma diartrose, a articulação sacroílíaca AGE como uma anfiartrose, ou seja: por natureza, seus movimentos são limitados. Outra curiosidade é que não existem músculos que causem diretamente estes movimentos. Não obstante, os mecanismos do movimento sacroilíaco são palco de controvérsias. Mas é comprovado que estes movimentos diminuem ainda mais com a idade.

Esta estrutura peculiar da articulação sacroilíaca, adicionada  ao ônus de manter a estabilidade do corpo, faz ás vezes com que a articulação simplesmente “trave”. As causas são diversas: gravidez, trauma, contratura excessiva dos ligamentos, distensão, vértebra em transição (lombarização ou sacralização), postura imprópria, encurtamento de um dos membros inferiores, artrose no quadril, escoliose, ou até carregar peso de um lado só.

A pessoa com Síndrome Sacroilíaca quase sempre sente dores para um lado da região pélvica, podendo também ser bilateral ou alternada — mas quase nunca central. A dor irradia para a virilha, nádega, e para a parte posterior ou lateral da coxa. Raramente irradia abaixo do joelho (dores assim são características de hérnia de disco). A dor melhora quando caminha, e piora quando senta ou fica muito tempo em pé.

Outra curiosidade é a compensação: se uma das articulações sacroilíacas “trava”, a outra vai desenvolver excesso de movimento. Muito frequentemente, esta hípermobilidade será o lado dolorido, ao invés do lado “travado”. A pessoa preferirá dormir em cima do lado dolorido, assim estabilizando a articulação. Esta observação, extraída na anamnese (entrevista), ajudará o profissional a formar o diagnóstico adequado.

Existe uma série de testes ortopédicos que ajudam a identificar uma Síndrome Sacroilíaca (Gaeslen, Ericksen, Volkmann, Ober, Downing, Lewin-Gaeslen, Belt, etc.). O profissional precisa estar atento para diferenciá-la de outras afecções com sintomatologia semelhante, como Pagets, ostosis condensans ilii, artrose, e espondilite anquilosante (uma doença reumática soro-negativa, que causa fusão completa da articulação sacroilíaca).

O tratamento consiste de reduzir atividades que irritem a área; repouso; cinta lombar quando estritamente necessário; aplicações de gelo e calor; e fisioterapia — além de manipulação manual específica na área envolvida. E, como de fato, Síndrome Sacroliíaca responde muito bem ao tratamento de Quiropraxia!