Estariam os atletas, por executarem atividades de mais impacto, supostamente mais propensos a desenvolverem problemas de coluna? É o que ditaria a lógica, né? No entanto, estudos mostram que não há diferenças significantes de incidências de dores lombares em atletas comparados com a população em geral. Alguns deles chegaram a concluir que dores lombares ocorrem até mais comumente em estudantes que evitam esportes do que aqueles que participam.

Portanto, os esportes que envolvem alto impacto, rotação, velocidade, movimentos bruscos, e tensão não são necessariamente nocivos para coluna. Por outro lado, o fato dos atletas terem a musculatura mais tonificada, e estarem em melhor forma do que o resto da população, também não os livram necessariamente das dores de coluna. O que sabemos sem sombra de dúvida é que sedentarismo e problemas de coluna definitivamente não combinam.

Alguns esportes, quando exercidos incorretamente, podem provocar desequilíbrio muscular e algum tipo de disfunção:

  • Corredores, por exemplo, têm uma tendência natural para desenvolver fraqueza abdominal isolada. Um desequilíbrio significante é frequentemente notado entre os membros inferiores e os flexores e extensores do tronco.

  • A incidência de dores e problemas na região lombar nos levantadores de peso é estimada em 40%. O momento crítico é a mudança de flexão para extensão da coluna que ocorre quando o peso é levantado  sobre a cabeça numa manobra repentina.

  • É documentado que 38% dos jogadores profissionais de tênis deixam de comparecer a campeonatos por causa de dores nas costas.

  • Notoriamente os jogadores de golfe têm as maiores incidências de danos à coluna do que qualquer outro atleta profissional. Em um estudo por Callaway e Jobe sobre danos no campeonato americano (PGA) de 1985-1986, 230 de 300 dos jogadores profissionais de golfe sofreram com algum dano à coluna (uma incidência de 77%). Outro estudo revela que as regiões mais frequentemente afetadas nos golfistas são: lombar baixa (44%), punho (44%), cotovelo (23%), pescoço (20%) e ombro (19%). E que a possibilidade de uma lesão lombar é 2,5 vezes maior em homens do que nas mulheres.

  • Durante salto com vara, a amplitude de movimento da coluna lombar foi documentada com fotografia de alta velocidade de 40º de extensão para 130º de flexão em .65 segundos. Imagine a magnitude da força que percorre a coluna durante estas demandas funcionais, definitivamente predispondo o atleta à dores.

  • Até os esportes aquáticos, considerados de baixo impacto, são potencialmente nocivos. O mergulho ornamental envolve rápidas mudanças em flexão/extensão e as costas arqueiam severamente ao entrar na água. O nado estilo borboleta produz vigorosas mudanças de flexão/extensão da coluna lombar.

O objetivo, obviamente, não é desestimular a prática de atividades esportivas — mas sim chamar a atenção dos potenciais danos à coluna do atleta. Um bom programa de alongamento e fortalecimento muscular reduz drasticamente as estatísticas mostradas acima. Dois pontos principais de alerta ao atleta:

  • 1) Não forçar seus limites;

  • 2) Habituar-se a tonificar e fortalecer a musculatura do tronco e membros apropriadamente.

Para avaliação concisa e correta da coluna vertebral do atleta, é preciso que o profissional em questão domine conhecimentos de anatomia e biomecânica da coluna, saiba efetuar anamnese e exame físico detalhados, tenha amplo conhecimento para interpretar exames complementares, consiga diagnosticar adequadamente as afecções da coluna, e o mais importante, saiba ministrar o tratamento correto.

Acima de tudo, o objetivo é permitir ao atleta alcançar a excelência na sua modalidade esportiva sem comprometer a sua coluna.