A Organização Mundial de Saúde estima que até 30% da população mundial sofra de dores crônicas — aquela que perdura por meses ou anos, produz altos níveis de estresse, e afeta negativamente quase todos os aspectos da vida da pessoa.
Por ser um fenômeno físico, químico e emocional, é difícil tratar este tipo de dor — um verdadeiro desafio para a medicina. Mas novos métodos vêm emergindo.
Um desses, de acordo com uma matéria publicada na VEJA de 09/12/2009, é combater a dor crônica por meio da respiração. Respirar, caros leitores, pode ajudar a diminuir a dor. Grandes centros universitários nos Estados Unidos usam exercícios respiratórios nas suas unidades de gerenciamento de dores crônicas. Não há conclusões sobre a eficácia de tal procedimento, mas “já se registraram reduções na quantidade de analgésicos consumidos pelos pacientes” nas universidades da Califórnia e de Stanford.
Nesta última, exercícios respiratórios são vistos como ferramenta para enfrentar dores crônicas com menor grau de desconforto. “Eles permitem encarar crises com menos medicação. A dor crônica tem um fator emocional, que ativa o sistema simpático e, consequentemente, aumenta a tensão muscular. O controle da respiração permite que o corpo fique mais relaxado”, explica o anestesista Ravi Prasad, diretor assistente da divisão de gerenciamento da dor em Stanford.
Durante situações de estresse, a glândula suprarenal libera o hormônio cortisol, que acaba por intensificar a tensão muscular. Nos casos de dor crônica, isso acentua o sofrimento físico. O sistema simpático domina. Ao respirarmos lenta e profundamente, enviamos ao cérebro uma mensagem tranquilizadora que ajuda a desarmar os sistemas de defesa. Quando a ameaça sai de cena, o sistema parassimpático conduz o corpo de volta a seu estado normal. O ato de meditar sumariza bem isso.
E condiz com um interessante resultado obtido por acidente em 2001 durante uma pesquisa conduzida na universidade italiana de Pavia pelo cardiologista Luciano Bernadi. O estudo era sobre o efeito da oração sobre o sistema cardiovascular. Mais do que a fé, Bernadi foi surpreendido pelo fato da métrica da ave-maria mudar a respiração. “Para dizer cada frase inteira e respeitar os intervalos, é preciso baixar os números de inspirações e expirações para seis por minuto, um terço do ritmo normal”.
A prática de exercícios respiratórios melhora até a qualidade do sono. Isto significa mais secreção de outro hormônio, a dopamina, que inibe a dor.
Podemos apurar nossas técnicas de respiração porque esta é a única das funções regidas pelo sistema nervoso autônomo que se pode controlar. E alcançamos isto pelo seu principal músculo da respiração — o diafragma.
Amplo e delgado, separa a cavidade torácica da abdominal. Possui formato de domo, cúpula ou abóbada. Mas parece-se mesmo com um guarda-chuva aberto. É composto de um centro tendíneo e de uma periferia muscular. O diafragma é responsável por até 75% do ar que entra nos pulmões. Soluços, por exemplo, são causados por rápidos espasmos neste músculo.
O ato de respirar é um processo complicado. O controle é na medula oblongata. Inspirar envolve diferenças de pressão atmosférica e pulmonar (alveolar e intrapleural), razão de oxigênio e gás carbônico — tudo isso regido por um punhado de Leis (Charles, Dalton, Henry, etc.), além da contração de certos músculos. Expirar ocorre quase como um movimento passivo por determinado relaxamento de outros músculos.
Enervado por um nervo motor, o frênico (C3, C4 e C5), o diafragma insere-se no osso esterno do tórax, na face interna das seis últimas costelas, e na 2° e 3° vértebras lombares. Por isso, afeta uma área da coluna que vai da 6° vértebra torácica até a 3° vértebra lombar. Existe um grande número de pacientes que apresentam problemas nesta região da coluna devido ao uso indevido deste músculo. Respiramos mal.
E os iogues afirmam exatamente isso:
Com isto em mente, respirem bem e diafragmaticamente.