Você é daqueles que nota a fila do supermercado ao seu lado andando mais rápido? Que sempre ocorre um congestionamento quando está apressado? Que sua torrada sempre cai com o lado da manteiga para o chão? Que, após levar uma topada, alguém sempre acha alguma maneira de pisar no seu dedo? Se a resposta à essas perguntas for “sim” você pode ser partidário da famosa Lei de Murphy. 

Verdadeiro ABC dos pessimistas, esta “lei” foi criada pelo major Edward A. Murphy Jr. (1918-1990), engenheiro espacial norte-americano. Tudo começou na década de 40, durante um teste de desaceleração rápida de pilotos de aeronaves. Quando os sensores falharam e constatou-se que a culpa foi de um assistente, Murphy disparou: “se este cara tem algum modo de cometer um erro, ele o fará”. A frase pegou, fez sucesso, entrou para a história e carvou um nicho no imaginário popular americano.  

O “primeiro mandamento” da Lei de Murphy reza que “se há mais de um modo de se fazer um trabalho, e se um destes modos resultar em desastre, então alguém o fará”. Resumindo: se algo tiver de dar errado, certamente dará. Ou mais dramaticamente ainda, “se algo puder dar errado, dará errado da pior maneira possível e no pior momento possível”.  

A partir daí, outros “mandamentos” foram “postulados” — verdadeiras pérolas: 

  • “Um atalho é sempre a distância mais longa entre dois pontos”; 

  • “Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível”; 

  • “Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série”; 

  • “Se você jogar fora alguma coisa que tem há muito tempo, vai precisar dela logo, logo”; 

  • “Uma ferramenta, ao cair, atinge seu dedão do pé e rola para o canto mais inacessível de um aposento”; 

  • “Entre dois acontecimentos prováveis, sempre ocorre um improvável”;

  • “Você sempre encontra aquilo que não está procurando”;

  • “Todo corpo mergulhado numa banheira faz tocar o telefone”; 

  • “Por mais tomadas que se tenha em casa, os móveis estão sempre na frente”; 

  • E a nossa favorita: “o vírus que seu computador pegou só ataca os arquivos que não tem cópia”.

Captou a mensagem?  

Curiosamente, o próprio Murphy morreu desconsolado com sua “lei”. Afirmava que tinha sido mal-interpretado.

E quanto às dores de coluna? Afinal de contas, são a convergência de todos os tópicos de nossos artigos. Tecnicamente falando, no dia-a-dia clínico, há também uma certa “Lei de Murphy” para “causos” envolvendo a coluna vertebral. Obviamente, não deve ser levada à sério, mas acontece com alguma frequência — pelo menos com este que vos escreve. Eis algumas:

  • PESSOAS COM DORES DE COLUNA ESCORREGAM.

    Parece brincadeira, mas é verdade. Tem gente que leva anos sem escorregar, mas basta a coluna doer para levar um tombo. Esta, claro, é uma variante da “lei da topada” descrita no primeiro parágrafo.  

  • CRISES DE COLUNA APARECEM QUANDO O PROFISSIONAL SE AUSENTA.

    Perdemos a conta de quantas pessoas entram em crise ao viajarmos. Irônico é as dores começarem geralmente dias antes da viagem ocorrer, mas só pensarem em ligar quando estamos na estrada ou dentro do avião. Aí neste caso, o jeito é apelar para o gelo até o profissional retornar. 

  • BASTA ENTRAR DE FÉRIAS PARA SENTIR DOR.

    Sabe aquele veraneio tão sonhado e planejado durante o ano? Pimba! Na primeira estripulia do atleta sazonal, toda a ociosidade e sedentarismo que a coluna foi imposta ao decorrer do ano vem cobrar a fatura — com juros! Poder salvar estas férias é um dos motivos de orgulho da nossa clínica (e de qualquer Quiropraxista). Do contrário, seriam passadas numa gloriosa cama de algum hotel resort.  

  • UM PROBLEMA ESPECÍFICO, QUE HÁ TEMPOS NÃO SE VIA, APARECE EM TRÊS NA CLÍNICA.

    Talvez essa não seja lá uma Lei de Murphy — pelo menos não para o Quiropraxista. Mas vejam bem: suponhamos que o clínico não veja um único caso de cóccix por alguns meses. Aí aparece em série pacientes com justamente esse tipo de problema! E geralmente em grupos de três.

Mas, com tudo isso, a Lei de Murphy é somente uma ilusão. Tira vantagem da nossa tendência natural de enfatizar o negativo e trivializar o positivo. E, se houver uma possibilidade matemática de que algo dê errado (como rezam as leis da probabilidade), esta ficará indelevelmente marcada na nossa memória. É próprio da natureza humana.