Terapia manual não é a única resposta para as afecções da coluna vertebral, mas é hoje a ferramenta mais eficaz que dispomos para tratá-la.  E existe uma miríade de trabalhos científicos que atestam os efeitos específicos deste tipo de tratamento, em particular a Quiropraxia. É definitivamente uma opção melhor do que tratar um problema de coluna somente à base de medicações…

  • A revista científica Spine publicou um trabalho sobre a eficácia da manipulação vertebral para tratar cervicalgia crônica em 1996, e os autores, epidemiologistas, concluíram que “manipulação e mobilização são ambos mais eficazes do que relaxantes musculares ou analgésicos que produzem efeito a curto prazo para pacientes com dores cervicais crônicas ou sub-agudas”.

  • Uma pesquisa feita na Austrália, na Universidade RMIT, em Melbourne, por Whittigan, et. al. em 2001, mostrou que o grupo que recebeu tratamento manual relatou progresso mais completo de cefaléia cervicogênica em termos de dor, intensidade, e amplitude de movimento cervical do que o grupo de placebo. Outra pesquisa feita em 1997, em Odense, Dinamarca, obteve resultados semelhantes.

  • Um estudo de 1999 da Universidade Macquarie na Austrália, feito com 127 pacientes de 10 a 70 anos de idade, todos diagnosticados com enxaqueca clássica, demonstrou redução dos sintomas em 22%. Outro feito com 16 pacientes em São Paulo, no mesmo ano, mostrou que “09 (56%) exibiu diminuição dos sintomas em 42 dias.”

  • Outra pesquisa publicada na revista Spine em 2003 relatou que “pacientes que sofrem de lombalgias e cervicalgias crônicas e receberam manipulação com Quiropraxia (02 vezes por semana por no máximo 09 semanas) tiveram melhores resultados do que os pacientes que foram tratados com acupuntura, ou medicação (Celebra, Vioxx — que foi retirado do mercado em 2004 — e paracetamol). Após 09 semanas, a proporção dos pacientes assintomáticos foi de 27.3% dos que foram tratados com manipulação, comparados com acupuntura (9.4%) e medicação (5%)”.

    Dito isso, lembramos que esta pesquisa em momento algum desmerece a eficácia da acupuntura, a qual é praticada há mais de 5.000 anos e reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. O estudo simplesmente relata que a manipulação vertebral feita diretamente na região afetada obteve resultados mais dramáticos do que o bloqueio da dor e redirecionamento de energia.

Note que, de todas as pesquisas citadas acima, a melhor marca do grupo de tratamento que obteve progresso encostou nos 56%. Ou seja: um percentual significativo de pacientes simplesmente não apresentou melhora, não importando que tipo de tratamento tenha sido feito. Nossa experiência clínica, porém, nos indica precisamente o contrário — a vasta maioria dos pacientes apresentará algum tipo de progresso, contanto que a questão seja de cunho neuromusculoesquelético.

Vale notar também que a anamnese é de suma importância para o profissional avaliar corretamente o quadro do paciente. E é vital indicá-lo para outro profissional se o problema for aquém de sua capacidade e habilitação. Terapia manual pode até ser eficaz para tratar a coluna, mas é totalmente inútil contra cálculo renal, infarto do miocárdio, ou apendicite.

Mas quando discute-se o efeito placebo e sua contribuição no relacionamento médico–paciente, alguns detratores podem tentar banalizar este processo. No entanto, seria ingenuidade e hipocrisia um clínico experiente não admitir que seu ofício envolva ciência e arte. Os efeitos específicos (o que a rigor é comprovado num tratamento como o fato de que aspirina reduz febre) e não-específicos (tudo que acontece ao redor e além de uma típica consulta médica: a linguagem corporal, a confiança no profissional, e, porque não dizer, a fé no tratamento) estão presentes em todas as áreas da saúde (ver Artigo 27).

Por isso existem, claro, inúmeras pesquisas científicas em diferentes ramificações da medicina em que o grupo do placebo obteve resultados surpreendentemente similares ao grupo do tratamento. Mas existem também ainda mais pesquisas que indubitavelmente comprovam a eficácia de determinado tratamento — e Quiropraxia não é exceção:

  • Um trabalho feito por 06 universidades de 05 estados da Austrália, publicado em 2002 na revista científica Spine, incluiu 200 pacientes de 18 a 60 anos com dores de cabeça cervicogênica (“cefaléia unilateral associada com dores cervicais e agravada por movimento cervical”, ocorrendo pelo menos 01 vez por semana num período de 02 meses ou mais). Candidatos à pesquisa que se trataram com fisioterapia ou Quiropraxia nos últimos 12 meses foram excluídos. Os pacientes foram divididos em 04 grupos: o grupo A foi tratado com manipulação vertebral; o grupo B foi submetido à exercícios para desenvolver melhor controle muscular no pescoço; o grupo C combinou manipulação vertebral e exercícios; e o grupo D não recebeu nenhum tipo de terapia manual. O tratamento durou 06 semanas (08 a 12 visitas). O uso de medicamentos foi liberado, mas monitorado. Os grupos A, B, e especialmente o C (com 10% a mais dos pacientes) apresentaram redução das cefaléias e cervicalgias (em termos de freqüência e intensidade) imediatamente após tratamento e depois de 12 meses quando comparados ao grupo D. O uso espontâneo de medicação DIMINUIU 100% no grupo A e B, 93% no grupo C, mas AUMENTOU 33% no grupo D (o que não teve terapia manual).  

  • Pesquisas por Giles e Mueller na Austrália (Journal of Manipulative Physiologic Therapy 1999; 22(6): 376-381); Hoving, Koes et al na Holanda (Annals of Internal Medicine 2002; 136: 713-722); e Evans, Bronfort et al (Spine 2002; 27(21):2383-2389), demonstraram que manipulação vertebral é segura e eficaz para pacientes com cervicalgia crônica. Com a adição de exercícios, os resultados foram melhores ainda.

  • Um estudo feito por fisioterapeutas e osteopatas na Espanha, publicado no Journal of Manipulative Physiologic Therapy em 2006, dividiu por pelo menos 01 mês 70 adultos com cervicalgia e disfunção nas articulações de C3/C4 ou C4/C5 em 02 grupos: cada um dos pacientes do primeiro grupo recebeu uma única manipulação (alta velocidade e curta amplitude) nas vértebras citadas acima; no segundo grupo, foi feito apenas mobilização sem manipulação naqueles segmentos. O grupo da manipulação apresentou maior amplitude de movimento em todas as direções (flexão, extensão, flexões laterais e rotações), além de maior remissão da dor. Contudo, o segundo grupo também obteve progresso significante nas amplitudes de movimento e diminuição das dores cervicais em repouso, só não tanto quanto o primeiro.

  • Um estudo publicado no Spine Journal em 2006 envolvendo 102 pacientes na Itália com protrusão discal sem rutura anular obteve resultados interessantes. Todos os pacientes exibiam dores lombares agudas com irradiação para um dos membros inferiores, de intensidade média – forte, evidência de protrusão discal em ressonância magnética em segmentos vertebrais condizentes com a área da dor. Subtendemos por aguda “dores por menos de 10 dias em um paciente que tinha estado assintomático por 03 meses”. O grupo do tratamento recebeu ajustamentos de Quiropraxia 05 dias por semana ou no máximo de 20 vezes durante o período de 30 dias. O objetivo deste tratamento é “restaurar movimento da unidade motora fisiológica (a unidade motora consiste de 02 vértebras, 01 disco, e estruturas adjacentes)”. O grupo de controle (placebo) recebeu manipulações simuladas dos mesmos Quiropraxistas que trataram o grupo de tratamento, além de trabalho muscular. No final de 180 dias, “55% dos pacientes do grupo de tratamento ficaram livres das dores irradiadas para a perna, versus 20% do grupo de controle; 28% ficaram sem dores lombares, versus 6% do grupo de controle“. O interessante é que as ressonâncias magnéticas de ambos os grupos tiradas após 180 dias, ficaram virtualmente imutáveis. Não obstante, os autores concluíram que “os pacientes que receberam ajustamento tiveram maior alívio das dores lombares e membro inferior, tiveram menos dias com dores médias – fortes, e consumiram menos medicações para controlar a dor”.

  • A conceituada revista científica Spine publicou também em 2006 um trabalho da University of Califórnia at Los Angeles (UCLA) que investigou o resultado de pacientes com dores lombares 18 meses após o término do tratamento. Foram analisados 681 adultos com dores lombares crônicas e sub-agudas, de natureza mecânica, e usuários de um plano de saúde (HMO) do sul da Califórnia entre 1995 e 1998. Estes pacientes foram aleatoriamente divididos em 04 grupos: o primeiro grupo foi tratado com ajustamentos (manipulações) vertebrais feitos por Quiropraxistas, além de orientação sobres exercícios e fortalecimento / alongamento muscular; o segundo grupo foi tratado como o primeiro, mas com a adição da fisioterapia tradicional (ultrassom, ondas curtas, TENS, forno, etc..); o terceiro grupo foi tratado somente com medicina alopata, uso de analgésicos e relaxantes musculares, exercícios de fortalecimento / alongamento muscular, e conselhos de estilo de vida; o quarto grupo foi tratado com medicina alopata, mas com a adição da fisioterapia tradicional. Em termos de remissão de dor, todos os grupos relataram melhoras. O progresso do terceiro grupo, aquele que foi tratado somente com medicina alopata e exercícios foi discretamente menor, mas estatisticamente insignificante. O interessante é que a PERCEPÇÃO da melhora foi melhor nos pacientes de quiropraxia e fisioterapia. “Esta inconsistência reflete maior satisfação do paciente”.  Ainda mais interessante é que o estudo ter confirmado que, “não importa o tipo de tratamento, uma grande proporção das pessoas com dores lombares” não ficaram totalmente sem dores. De fato, este estudo mostrou que “mais de 25% dos pacientes sentiram dores na maior parte ou todo o tempo”. Mas que “20% dos pacientes ficaram sem sintomas após 12 e 18 meses”.

  • Outra pesquisa extensa do Reino Unido, publicada em 2004 pelo British Medical Journal, envolvendo 1334 pacientes de 14 clínicas, concluiu que “quando manipulação vertebral é envolvida, ou em combinação com programa de exercícios (…), os pacientes tem melhor recuperação a curto prazo (03 meses) e a longo prazo (12 meses)”. A pesquisa também elogia o custo-benefício da Quiropraxia.

Nenhuma das publicações citadas acima tem ligações com a Quiropraxia, muito menos os autores das pesquisas, que são médicos, osteopatas, e fisioterapeutas. Estes trabalhos foram selecionados especificamente para que os leitores tenham melhor idéia sobre a imparcialidade dos mesmos.

Enquanto o problema for de coluna, o paciente vai sempre tender a melhorar com terapia manual. Simples assim. Ocorrendo o contrário, outras possibilidades terão que ser investigadas. Encurtamentos de determinadas cadeias musculares estarão impedindo aquela vértebra de estabilizar? Será dor irradiada de um problema visceral (rins, coração, fígado, intestino, etc.)? Existem fatores sociais, psicológicos e até sexuais que possam estar interferindo no progresso? Até que ponto tudo isso se correlacionaria ao estresse do dia-a-dia?

Tudo isso faz parte da nossa rotina no consultório. Mas é muito gratificante ter pesquisas de todos esses países que corroborem o que a gente clinicamente já sabe.