Em 1º de fevereiro de 2008, a Medida Provisória 415 foi editada e convertida no projeto de lei 11.705/2008 no Congresso Nacional. Mais conhecida como Lei Seca, as pessoas autuadas dirigindo com qualquer tipo de teor alcóolico no sangue pagarão hoje em dia uma multa de quase 3000 reais, perderão a carteira de habilitação, sofrerão possível recolhimento do veículo e responderão a processo judicial. Há quem critique esta lei por ser dura demais. Afinal de contas, até nos países desenvolvidos há uma certa leniência. De fato, antes da sua publicação, eram tolerados até 06 decigramas de álcool por litro de sangue — mais ou menos 02 copos de cerveja.
Este que vos escreve certamente sente falta até hoje de bebericar uma gelosa na beira da praia, mas foi um dos que aplaudiu a promulgação da Lei Seca. Já não era sem tempo. Os índices de acidentes envolvendo motorista alcoolizados sofreram uma queda expressiva logo após a lei entrar em efeito. Voltaram, claro, a subir pela falta de bafômetros da polícia rodoviária. Mas normalizaram, eventualmente. De acordo com o SIM (Sistema de Informações de Mortalidade) do Ministério da Saúde, em mais de uma década da implantação da lei, “houve uma redução em mais de 14% do número de mortes por acidentes de trânsito no país”.
Num acidente automobilístico, esteja o motorista alcoolizado ou não, ocorre uma espécie de triagem. Estão todos vivos? Tem alguém em estado grave? Que tipo de danos cada passageiro sofreu? Há fraturas, contusões ou traumatismos? E o veículo? Houve perda total? Quanto vai custar para consertar? O seguro cobre? Note que a última coisa que pensamos é sobre o impacto do acidente na nossa coluna.
A triagem é normal e esperada. Claro, elimina-se primeiro as piores possibilidades. E um desvio biomecânico na coluna provocado por um acidente não mata ninguém, apesar de causar dores crônicas por anos, até décadas, após o ocorrido (veja Artigo 14).
Menos dramáticas do que dores provocadas por acidentes, são bem mais frequentes dores causadas por hábitos posturais ao dirigir. E estas podemos controlar melhor.
Existem posturas corretas de dirigir que evitarão dores de coluna no futuro. Mudanças que também serão de grande valia porque uma postura incorreta pode gerar lesões graves em caso de acidente. Estas dicas podem ser consultadas em qualquer manual de automóvel.
O passageiro do banco dianteiro ou traseiro também tem que ser posicionado de forma que as costas fiquem totalmente apoiadas no encosto com a maior distância possível do painel (ou do banco).
Os pés deverão ser mantidos na frente do banco dianteiro ou traseiro — nunca no painel de instrumentos, fora da janela ou sobre o banco.
Para minimizar a Síndrome do Chicote, em que o pescoço é projetado para frente e para trás no caso de acidente (olha o artigo 14 de novo), basta ajustar o apoio da cabeça.
Além da coluna, podemos evitar graves lesões nos braços, mãos e cabeça, simplesmente por segurar o volante corretamente. O ideal é manter as mãos na coroa externa (na posição das 9 e das 3 horas) com o veículo em movimento. Segurar o volante em outro ponto diferente (no centro ou na posição das 12 horas, por exemplo) aumentará o risco de lesões em caso de acionamento do airbag.
São pequenas precauções que podem salvar uma vida. Pra dirigir bem, poupar e preservar a coluna que tem.