Imagine você dirigindo sossegado na rua e parar numa sinaleira, mal percebendo que um carro que, em alta velocidade, se aproxima por trás. O choque é inevitável.
Alguns fatores a considerar:
O momento arremessa o corpo para a frente na hora do impacto — antes do pescoço. Quando volta, o pescoço é arremessado para a frente, numa velocidade 3 vezes maior do que a do carro que causou a colisão. E tudo isso no espaço de 100 msegs!
Este mecanismo de hiper-extensão e hiper-flexão que o pescoço sofre durante um acidente de carro assemelha-se a uma chicotada. Causa distensão ligamentosa, muscular, podendo provocar também fratura compressiva ou avulsiva das vértebras, ou até danos à medula espinhal. E é por isso chamada de SÍNDROME DO CHICOTE.
Do inglês WHIPLASH SYNDROME (WHIP = chicote e LASH = a ação deste). Uma tradução mais adequada seria algo como “Síndrome da Chicotada”.
Aquela “dorzinha” cervical relacionada ao acidente quase nunca é priorizada. A pessoa pode até sentir o pescoço dolorido, mas tem outras preocupações no calor do momento como a sua própria vida, a de seus entes queridos, ou a franquia do seguro do carro. A fatura, porém, é cobrada anos depois. E com juros.
O problema é que, após ter se submetido à tamanha força, a biomecânica e centro de gravidade do pescoço mudam — pra pior. As microrruturas causadas pelas distensões tipo grau II geralmente não cicatrizam paralelamente com as fibras musculares e ligamentosas, ocorrendo então enfraquecimento destes músculos e ligamentos. O tecido de cicatrização é mais fraco, menos elástico e bem mais sensível do que o tecido normal. A perda da curva fisiológica do pescoço (lordose) vai colocar pressão extra nos discos. E, algum tempo depois, o paciente pode começar a sentir dores severas no pescoço e membros superiores sem ter a mínima noção de que o responsável foi aquele pequeno acidente de anos antes.
Estudos revelam que 86 a 98% das pessoas envolvidas num acidente automobilístico desenvolverão algum tipo de dor crônica no pescoço, de origem miofascial e articular. Estima-se que 30 a 40% dos casos de Síndrome do Chicote desenvolverão cefaléia pós-traumática. O paciente já pode até ter desenvolvido alguns outros sintomas como disfalgias, fraqueza, distúrbios auditórios ou visuais, insônia, irritabilidade, mudanças de temperamento, dificuldade de concentração, e intolerância à dor. Sem saber por quê.
Dependendo do Quiropraxista, existe também uma fase de manutenção, cujo objetivo é preservar o progresso obtido, manter a qualidade de vida e evitar reincidências. Isso pode durar alguns meses e até anos, conforme a severidade do caso.
Em suma, restabelecer o bem-estar do paciente da melhor maneira possível.