Considere um paciente:
Esta pessoa tem, portanto, uma chance considerável de sofrer de algum distúrbio da ATM (articulação temporomandibular).
Esta singela articulação une a mandíbula ao osso temporal do crânio. Mais especificamente, o côndilo da mandíbula articula com a fossa mandibular do osso temporal. Sendo uma articulação do tipo diartroide, ambas superfícies ósseas são envoltas por membrana sinovial. O espaço dentro da membrana, entre as cartilagens dessas duas superfícies, é preenchido pela sinóvia — um líquido lubrificante especial para minimizar desgastes. Mas não é suficiente.
A ATM é uma das articulações mais requisitadas do corpo humano. Simplesmente NÃO PARA DE SE MOVER. Ao falarmos, ao comermos, ao bocejarmos, ao beijarmos, ao assoviarmos… A lista é longa e a carga é enorme. Tecnicamente, algum tipo de degeneração articular seria inevitável. No entanto, é raro encontrar alguém com osteoartrose nesta referida articulação. Por que?
Ah, mas a natureza, na sua infinita sabedoria, proporcionou a ATM com um disco. E isto é um acontecimento raro no corpo humano — quase uma exclusividade da coluna, com seus 23 discos intervertebrais. Se considerarmos o universo de cerca de 230 articulações sinoviais no corpo humano, o disco da ATM é de fato uma exceção.
No restante do corpo, existe também um disco na articulação esternoclavicular. E outro, recentemente descoberto no pulso (entre a ulna e o osso carpal piramidal).
Sem este fino e ovalado disco interarticular, a ATM sofreria danos terríveis. Suas funções de absorver impacto e melhorar a coaptação entre o processo condilar e a fossa mandibular têm, de fato, o efeito de prolongar a vida útil desta articulação, mais do que qualquer outra. E com razão. Afinal, precisamos dela para nos expressar e sobreviver.
Ainda assim a articulação é falível. O disco, apesar de seu papel importantíssimo, pode ser ele mesmo uma fonte de problemas — tais quais os discos da coluna vertebral. Este disquinho da ATM pode deslocar-se ou deslizar-se, geralmente na direção anterior (pela natureza morfológica da ATM). Isso acontece com relativa frequência. E não é só.
Não vivemos numa sociedade utópica. O estresse impera. Criamos pequenos tiques para lidar com isso: roemos as unhas; mascamos chicletes; mordemos canetas, lápis e lábios; dormimos mal; bebemos café demais e água de menos’; rangemos os dentes acordados; e desenvolvemos bruxismo. A ATM pena com isso.
Cerca de 10 milhões de pessoas nos EUA sofrem de alguma disfunção da ATM, e 90% são mulheres na idade reprodutiva.
Somos também sedentários; temos má postura no trabalho; forçamos demais a coluna cervical e os músculos da nuca lendo, estudando e olhando celular. Isso faz a ATM penar ainda mais.
Outros fatores podem estar relacionados, como depressão, trauma por acidentes automobilísticos, problemas odontológicos ou reumatológicos.
Em casos mais dramáticos, uma disfunção da ATM pode causar dores miofasciais e até neuralgia do trigêmeo (que é uma das piores dores que um ser humano pode sentir).
O que faz da ATM interessante é que ela dita uma simetria que tem que ser constante. Existe um relacionamento de causa-e-efeito com as articulações da coluna cervical e cintura escapular. Ou seja, um distúrbio na ATM pode causar problemas no pescoço, nos ombros ou vice-versa ‐ um dos motivos pela qual a Quiropraxia pode ajudar imensamente.
Por outro lado, distúrbio na ATM requer um acompanhamento primariamente odontológico. Este tipo de disfunção tende a ser reversível. A manipulação articular, quando feita sutilmente e com prudência, ajudará, e muito, o trabalho do ortodontista. Nem todo Quiropraxista, contudo, domina esta técnica. Não se deve mexer numa articulação tão vital e delicada a não ser que o profissional esteja ampla e absolutamente confortável e confiante com a ATM. Alinhamento postural é imprescindível.
E o alívio (se o ajuste for bem-feito), indescritível.
