25 de junho de 2009. Michael Jackson, na época com 50 anos, sofre uma parada cardíaca na mansão alugada onde vivia na cidade de Los Angeles, Califórnia. Seu médico particular, Conrad Murray, tenta reanimá-lo sem sucesso. Chegou ao hospital em coma e foi declarado morto não muito tempo depois. O mundo se comove.
Na ocasião da sua morte, havia acumulado uma dívida avaliada em 500 milhões de dólares. Que provavelmente foi quitada com o aumento de vendas dos seus CDs naquele período, com o streaming de suas músicas e com o sucesso estrondoso do documentário This is It, que fez mais de 260 milhões de bilheteria mundialmente. O filme mostrava os ensaios do show que seria uma temporada de cinquenta apresentações em Londres a partir de 13 de julho de 2009. Muitos fãs não quiseram ser ressarcidos dos ingressos. Entenderam o contexto histórico do momento.
Apesar das dívidas, Michael Jackson era indiscutivelmente multimilionário. Dono dos direitos de 250 canções dos Beatles, vendeu 750 milhões de discos quando vivo — 100 milhões somente por Thriller, álbum de maior êxito da história da discografia mundial.
Em 1984, durante um comercial da Pepsi, Jackson sofreu queimaduras graves. Credita-se a partir daí sua longa jornada de problemas relacionados ao uso excessivo de medicamentos. Além do coquetel diário que incluía tranquilizantes e antidepressivos, foi também acrescentado o uso de um potente analgésico chamado Demerol.
Opiáceo sintético de ação similar à morfina, seu princípio ativo (meperina) só perde para a heroína pela capacidade de causar dependência. Nas primeiras doses, o efeito dura de seis a oito horas. “Se ele for consumido todos os dias, bastam duas semanas para o efeito do medicamento durar a metade disso”, afirma Irimar de Paula Posso, à epóca anestesiologista do Hospital das Clínicas de São Paulo. O uso do Demerol é controlado nos E.U.A., e necessitava de prescrição médica. Isto não era problema para o Rei do Pop. Sempre havia alguém que se sujeitava aos caprichos de tão famosa celebridade.
O cantor passou por um inferno astral nos seus últimos anos de vida. Houve acusações de abuso sexual de garotos, múltiplas cirurgias plásticas que o deixaram desfigurado, além da notória polêmica dos filhos. Isso foi público e notório.
O que nem todo mundo sabe é que Michael Jackson havia lesionado uma vértebra e sentia dores nas pernas supostamente pelo excesso de ensaios. Então o uso do Demerol foi intensificado sem nenhuma moderação. O Rei do Pop tomava este remédio como se fosse suco. “Segundo aventou na sexta-feira o canal de fofocas TMZ, (…) Jackson teria tomado uma injeção poucas horas antes da parada cardíaca. A parada respiratória ocorre porque o medicamento diminui a sensibilidade das células do sistema nervoso central que regulam a respiração — a qual vai diminuindo até causar sonolência. A falta de oxigênio, então, pode culminar em colapso do coração” (VEJA, 26 de junho de 2009).
A autópsia mostrou que Jackson morreu por misturar um poderoso anestésico usado em cirurgia (Propofol) com um sedativo (Lorazepam). Seu médico foi indiciado e, mais tarde, condenado.
Automedicação e uso excessivo de remédios são práticas perigosas. Com 80% da população mundial sofrendo de problemas de coluna, virou lugar-comum ingerir analgésicos e antiinflamatórios sem critérios.
Medicações bem menos potentes já foram retiradas do mercado por aumentar o risco de ataque cardíaco, como Vioxx e Bextra. Até “a venda de diclofenaco sem receita deve ser revista. Em caso de uso crônico, os remédios realmente aumentam a incidência de infarto”, afirma Dr. Ari Timerman, cardiologista e então chefe da seção de Emergência do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo. O próprio diretor corporativo da Novartis, Nelson Mussolini, admite o problema e alerta que “muita gente toma esses remédios como se fossem água”.
Pena a vida deste grande astro ter sido ceifada assim. Teria Quiropraxia ajudado a tal “lesão” vertebral? Se tivesse ajudado, teria diminuído os hábitos medicamentosos do Rei do Pop? E se tivesse diminuído, o teria proporcionado mais anos de vida?