Corria o ano de 2000. O filme de terror Premonição (Final Destination) estreava nos cinemas. O enredo era mais do mesmo: às voltas com um inimigo comum, adolescentes eram assassinados um por um com requintes de criatividade e crueldade. Até aí nada de novo. A diferença desta vez é que, ao invés de um psicopata morto-vivo com uma peixeira (as séries Sexta-Feira 13 e Halloween) ou uma entidade com navalhas nos dedos que ataca durante os sonhos (os inúmeros filmes A Hora do Pesadelo), o inimigo era a própria Morte. O filme era bem dirigido e editado. A crítica adorou. Faturou mais do dobro do custo de produção. E, para não fugir da regra, gerou um mundaréu de sequências.
O enredo, caros leitores, foi repetido ad nauseam a cada novo filme: alguém tinha uma visão de alguma catástrofe, e conseguia salvar um grupo de pessoas. Estando predestinadas a morrer, estas pessoas enganaram a Morte. Ela, nem um pouco contente com a situação, ceifava a vida dos sobreviventes, um por um, na ordem exata em que teriam morrido no acidente. O filme inteiro, então, era um corre-corre frenético para mudar este destino fatídico. Mas, até onde sabemos, a Morte ganhou todas.
Talvez o que tenha chamado a atenção do primeiro Premonição era o fato do inimigo em comum não ser de carne e osso — nem ao menos uma entidade. Era mais um conceito, um acontecimento. A Morte, nunca mostrada nem definida, era uma série de fatores que se desenrolavam, a princípio aleatoriamente, mas que convergiam para uma situação fatídica e letal. Como lutar contra algo abstrato? A cada filme, os escritores tinham que se desdobrar para criar tais correntes de eventos, mas acabaram fadados a tornarem-se repetitivos.
Com efeitos mirabolantes de computação gráfica, as catástrofes ocorridas nos 20 minutos iniciais valem o preço do ingresso. O primeiro filme da série mostrou uma terrível queda de um avião; o segundo, um espetacular acidente rodoviário envolvendo múltiplos veículos; o terceiro, uma tragédia numa montanha-russa descarrilada; o quarto, num autódromo durante uma corrida de carros; e o quinto (e graças a Deus, aparentemente o último), durante o colapso e desabamento de uma ponte.
Mas é só. No mais, repete-se à exaustão o enredo visto no segundo parágrafo. As mortes dos sobreviventes tinham que ser cada vez mais criativas. E, por tabelinha, inverossímeis. A fórmula começou a dar sinais de desgaste já no segundo filme. Atingiu seu ponto mais baixo no quinto. Observem estes dois exemplos:
Mas quem vai ligar para realismo numa franquia de filme de terror?