De acordo com a filosofia taoista, todos os fenômenos são divididos em dois lados opostos de um equilíbrio dinâmico — o yin e o yang — para melhor compreender a medicina e outros processos naturais. Estes dois lados se complementam, apesar de serem muitas vezes antagônicos. Mas é justamente na união destes opostos que a totalidade do fenômeno é percebida.

Existe, de uma certa forma, no sistema nervoso autonômico do nosso corpo, uma espécie de relacionamento “yin-yang” que os taoistas já vinham pregando há mais de 5.000 anos!

O sistema nervoso é o nosso centro de controle e é subdividido de várias maneiras. Anatomicamente, em central (encéfalo e medula espinhal) e periférico (12 pares de nervos craniais e 33 de nervos espinhais). Funcionalmente, pode ser dividido por impulso (motora ou centrífuga e sensitiva ou centrípeta) ou intento (somática ou autônoma).

As fibras somáticas do sistema nervoso são controladas por vontade própria: andar, suspender os braços ou sorrir — por meio das fibras musculares estriadas. As fibras do sistema nervoso autonômico são regidas sem exercemos qualquer controle sobre elas: batimentos cardíacos; laboração da urina pelos rins; contração das artérias periféricas pelo frio; movimentos peristálticos do estômago ou intestino durante a digestão; secreção da saliva na boca; respiração; o ato involuntário de piscar os olhos; contração e dilatação da pupila; sudorese; etc. — tudo isso por meio das fibras musculares lisas (exceto as do coração, que são estriadas).

Este sistema nervoso autonômico é subdividido em simpático e parassimpático. Um faz oposição ao outro. Mas é desta oposição equilibrada que se mantém a homeostase — a essência do yin e do yang da qual tanto os taoistas falam.

O sistema nervoso parassimpático (“yin”) é colinérgico (produz o neurotransmissor acetilcolina). Se origina do nosso sacro (S2, S3 e S4) e de 04 nervos craniais (3, 7, 9, e 10).  Desses últimos, contrai a pupila e ajuda a acomodar entrada de luz (3); lacrimação (7); salivação (7 e 9); contrai os brônquios, diminui os batimentos cardíacos, movimenta o conteúdo do canal alimentar, incluindo enzimas e bílis, e enerva os rins, e pâncreas (10). As fibras do sacro (pelos nervos esplâncnicos ou pelvinos) enervam a partir do terço distal do intestino grosso, bexiga e órgãos genitais. Controlam o aspecto neuromuscular da ejaculação, a ereção, parto, gestação, e evacuação urogenital. E é por tudo isso que o parassimpático é considerado nosso sistema “zen” de relaxamento — uma espécie de “Yin”.

O sistema nervoso simpático (“yang”) é adrenérgico (produz os neurotransmissores norepinefrina (noradrenalina) e epinefrina — a popular adrenalina). Se origina da nossa coluna (de T1 a L2 ou L3, abrangendo 14 ou 15 nervos espinhais). Enerva também toda estrutura visceral da cabeça, exceto pelo músculo constritor da pupila. Este é o nosso sistema de estresse, sintonizado ao que se passa à nossa volta — o que nos prepara para lutar ou para fugir. Por isso, dilata nossos brônquios para termos mais fôlego durante a luta ou a fuga; dilata nossas pupilas para enxergarmos o perigo melhor; aumenta nossos batimentos cardíacos; e diminui nossa digestão e motilidade intestinal. Não deixa de ser um tipo de “yang”.

Uma curiosidade: o sistema simpático é EXCLUSIVAMENTE responsável pelas glândulas sudoríferas (sudomotoras), capilares (pilomotoras) e pela contração dos vasos sanguíneos (vasomotor) — exceto talvez pelas artérias coronárias. O parassimpático não exerce influência nessas estruturas.

Por suas origens, os sistemas simpático (T1 a L2/3) e parassimpático (sacro) dependem, dentre outras coisas, de uma coluna biomecanicamente funcional para que assim possam agir em melhor equilíbrio e sintonia. Quiropraxia pode ajudar bastante nisso.

Quando dormimos, temos 20% de enervação simpática e 80% de parassimpática. E quando temos medo, 80% simpática e 20% parassimpática. Infelizmente, o estresse do dia-a-dia nos subjuga às vezes a ter um sistema simpático predominante. Toda esta adrenalina não é benéfica e acaba por nos predispor a doenças. O ideal seria alcançarmos um certo equilíbrio do nosso “yin-yang” fisiológico e gozarmos de uma vida saudável — na medida do possível.

E isso fica mais factível com uma coluna bem resolvida.