Recordar é viver…
O periódico The Chiropractic Report, de novembro de 2010 (vol. 24, nº 6), noticiou que particularmente aquele ano havia sido “um ano excepcional para a profissão”. Sim, caros leitores, foram anos bastante proveitosos para a Quiropraxia.
Terminava então a Década dos Ossos e Articulações, estabelecida pela OMS entre os anos 2000 e 2010. O objetivo foi “discutir, combater e prevenir as doenças articulares, além de garantir qualidade de vida” aos que sofrem disso — considerando que dados da época estimavam em um milhão de pessoas que penavam com este mal. E o pior: o problema sugava 25% do orçamento destinado à saúde pública dos países desenvolvidos.
É claro que a nossa profissão entrou de sola naquela jornada. “Quiropraxistas (tinham) sido nomeados para cargos importantes na política de saúde governamental como na Década dos Ossos e Articulações e na Organização Mundial de Saúde”:
Há mais exemplos, além do mencionado acima:
Contudo, hoje, talvez até muito mais que 2010, mesmo com 6 universidades e quase 1400 formados, a nossa profissão claudica nas terras tupiniquins. Volta e meia, alguma comissão do Congresso Nacional a põe em pauta de discussão — somente para ser rechaçada por interesses escusos de determinada profissão que quer, aberrantemente, fagocitar a nossa. Essa situação é inédita no Brasil e merece ser investigada mais a fundo. De qualquer maneira, percalços como este permitem que aventureiros saiam por aí se auto-intitulando “quiropratas”. Observamos tais “atividades” aqui mesmo na região cacaueira, em cidades de pequeno-médio porte. Um absurdo e um desserviço à segurança do paciente.
Causa-nos estranheza ver este tipo de comportamento. Para se formar em Quiropraxia nessas únicas 6 faculdades que oferecem o curso (reconhecido) aqui no Brasil, é necessário estudar 05 anos por 10 semestres, assistir a 4.200 horas-aula e ter 270 créditos no currículo. Como um ser humano raciocina que pode exercer uma profissão de tamanha complexidade com cursinhos de finais de semana (alguns totalizando 30 horas)?
Em 2010, contávamos com apenas 500 profissionais reconhecidos e formados atuando no território brasileiro. Hoje encostam nos 1400. Mas, ninguém sabe direito quantos indivíduos se encontram por aí “estalando” a coluna alheia aleatoriamente e sem qualquer especificidade — e o pior: sem nenhum conhecimento de anatomia, radiologia e neurologia. É preocupante.
Em tempo: este artigo, apesar de revisado e atualizado, foi escrito óbvia e originalmente em 2010. E havia no do Chiropractic Report um otimismo velado, talvez. Observe quanta coisa mudou e quanto ainda ficou congelado no tempo… O assunto pede reflexão.