A musculatura, que pode chegar até a 40% do peso do nosso corpo, tem como função possibilitar movimento. A contração e extensão de suas fibras, por impulso elétrico do sistema nervoso central, ajudam a mover nosso esqueleto e órgão internos.

Por isso, existem três tipos de músculos: os lisos, que se encontram nas paredes do trato gastrointestinal, na bexiga, no útero e nos vasos sanguíneos, entre outros; os estriados esqueléticos, que se inserem nos ossos e cartilagens, dão forma ao corpo (juntamente com a pele e os ossos), e fazem com que a gente se mova; e o estriado cardíaco, responsável pelos movimentos do coração.

A musculatura lisa tem a ver com movimentos involuntários, como a digestão, contração e dilatação da pupila, arrepios, o piscar dos olhos, etc.. A estriada depende de nossa vontade para agir – os movimentos voluntários. A ilustre exceção a esta regra é o coração, que possui musculatura estriada e ainda assim é involuntário.

Pois é. Sem os músculos não poderíamos andar. Nem tampouco falar ou digerir. Nem sequer abrir a boca. Muito menos respirar. E temos quase 640 deles.

Só no rosto, mais de 30. Sem eles não seria possível ter expressões faciais, como tristeza, alegria, surpresa, felicidade ou raiva. Uma grande ferramenta comunicativa estaria perdida aí. O simples ato de falar, então, pode empregar mais de 70 músculos. Para beijar, precisamos de 29; para sorrir, 14. Para andar, empregamos cerca de 200.

O troféu do músculo mais longo fica com o sartório, na coxa. O mais potente é o masseter. Este músculo de mastigação pode prensar até 124 quilos. O segundo lugar pertence, provavelmente, ao glúteo máximo. Este aí, localizado nas nádegas, estende a perna e o tronco. É primordial para nossa postura ereta. É também o maior e o mais pesado do corpo. O menor é o estapédio, localizado no ouvido médio. O mais fraquinho é o levantador da pálpebra superior. Ele nos permite abrir e fechar os olhos, o que vem a ser um movimento delicado — daí a necessidade de ter pouca força. Os músculos dos olhos são os mais ocupados. Estes aí se movem mais de cem mil vezes por dia.

A musculatura da coluna vertebral perfaz SEIS camadas.

  • A mais externa (e a maior) contém o trapézio e o grande dorsal. Estes dois conectam os braços ao tronco. O primeiro movimenta a escápula; o segundo o úmero (osso do braço).

  • Na segunda camada, encontramos o levantador da escápula e os rombóides (o menor e o maior). Os últimos retraem a escápula e fixam-na na parede torácica.

  • A terceira camada é dos intermediários do dorso: os levantadores das costelas e o serrátil posterior — que também são músculos respiratórios superficiais. Há, na verdade, dois serráteis: um superior que eleva as quatro costelas superiores e um inferior que abaixa as costelas inferiores. São batizados assim pelo formato de serrote. Os levantadores da costela são doze, têm forma de leque, e a função o nome já diz.

  • As camadas quarta, quinta e sexta compõem as musculaturas intrínsecas do dorso e representam, respectivamente, as camadas superficiais, intermédia e profunda.

  • Pois então. Na quarta camada, encontramos o músculo esplênio do pescoço e da cabeça. Em conjunto, eles estendem a cabeça e o pescoço. Isoladamente, flexionam e rodam a cabeça para o mesmo lado.

  • Na quinta camada, ou a intermédia, temos um trio de músculos que servem para estender (bilateralmente) ou flexionar (unilateralmente) a coluna: os eretores da espinha. O iliocostal é a parte lateral; o longuíssimo, o meio; e o espinhal, a medial.

    Esses músculos, como todo Quiropraxista sabe, são de extrema importância para sustentar a coluna. Vivem encurtados por vícios posturais do dia-a-dia, e fazem a pessoa ficar “travada” ao entrarem em espasmo. Quando enfraquecidos, nosso corpo “recruta” o quadrado lombar, um músculo profundo do abdome, para segurar a barra. Esta tática nunca dá certo. Mais cedo ou mais tarde, a coluna pede arrego.

  • A sexta e última camada são dos mais profundos e menores músculos da coluna e ficam entre uma vértebra e outra, como os multífidos e semiespinhais. Imaginem o que uma contração excessiva destes faria com a função articular de uma vértebra.

    Aliás, esta camada é a que mais sofre com fixações ou hipomobilidade segmentar na coluna. É a primeira onde ocorre lipossubstituição — quando o espaço deixado pela atrofia muscular é substituída por gordura. Os multíficos, particularmente, são músculos importantíssimos de estabilização vertebral. Para haver boa mobilidade articular, esse músculos precisam estar engajados.

Estresse, sedentarismo e vícios posturais envolvem inevitavelmente encurtamento muscular e aumento de rigidez. E aí o ambiente se torna ideal para o desenvolvimento de dores na coluna — mesmo que, às vezes, pareçam ter surgido “sem motivo” (como relatam alguns pacientes). Para melhorar, tem que haver movimento. Mas, se não houver uma restauração de movimento vertebral (que a Quiropraxia é incomparável para prover), como esta musculatura intrínseca vai ser ativada?

Portanto, é por essas e por outras que não se brinca com nossos (quase) 640.